Quantcast
Channel: SER PONTE E TRAVESSIA...
Viewing all articles
Browse latest Browse all 28

LIDOS NO ESPAÇO, GUARDADOS NO TEMPO

$
0
0

Pesquisa e elaboração: Seilla Carvalho

“A arte pode ser ruim, boa ou indiferente, mas seja qual for o adjetivo empregado, temo de chamá-lo de arte. A arte ruim é arte, do mesmo modo que uma emoção ruim, é uma emoção.”

 Marcel Duchamp(pintor, escultor e poeta francês, inventor dos ready made)


Projeto de Artes Visuais
“Lidos no espaço, guardados no tempo”

“Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível.”
(Gilberto Gil , “Metáfora”)



Apresentação 


A produção criativa das crianças, em geral, nos chama a atenção pela expressividade mesmo não estando alicerçada em pressupostos epistemológicos ou fundamentada em estudos de campo específicos. Dialogar sobre essa produção e levantar estratégias para o ensino da Arte nas escolas é uma forma de estabelecer conexão importante entre os saberes, fazeres individuais que cada um dispõe no seu universo cultural.

Ao conviver com as novas tecnologias digitais e serem inseridos num mundo de imagens que compactuam, dialogam e se reconfiguram, com imensa fluidez, o imaginário, o simbólico, transita no cotidiano. Somos mediados (e mediadores) na subjetividade “eu-mundo” e os códigos da contemporaneidade, sejam eles, éticos, morais, estéticos, não se mostram bem definidos em suas funções e pouco percebemos a definição dos seus contornos, que naturalmente se transformam diante da “plasticidade” cultural e das necessidades conjugadas.

                                            Ao desenvolver-se na linguagem da arte, o aprendiz apropria-se _lendo/produzindo_ do modo de pensamento da própria arte. Essa apropriação converte-se em competências simbólicas porque instiga esse aprendiz a desvelar seu modo singular de perceber/sentir/pensar/imaginar/expressar e a ampliar sua possibilidade de produção e leitura do mundo da natureza e da cultura, ampliando também seus modos de atuação sobre eles (MARTINS, PICOSQUE, GUERRA, 2009, P.152).


Cabe articular uma “interface” que promova a reflexão sobre Ser-Estar/Tempo-Espaço e que seja capaz de fomentar o aprofundamento dos novos saberes e potencialidades humanas. Ao interagir com determinado objeto e pensar sobre a intencionalidade, a sua utilização, valores agregados, importância e processo de criação diante das “supostas necessidades” geradas, é possível abrir uma discussão sobre as conveniências, sistemas de crenças e poder, refletindo no perfil de uma determinada cultura, num dado momento histórico.

Dessa forma, como poderei me colocar, sujeito cognoscível, que contextualiza, elabora, brinca, transgride, renova, diante de (in) determinado “objeto” (que sempre são objetos do conhecimento), tomando ele como elemento de intersecção, da ressignificação, do diálogo “eu-nós-mundo”?

Esta sequência didática, composta de doze aulas, se propõe a enfocar a Arte-Objeto, em especial, o objeto em si, como uma forma do ser humano expressar o que existe de reflexivo no seu cotidiano. O produto desenvolvido tem como tema, “Lidos no espaço, guardados no tempo”. Trata-se de um livro com as páginas coladas, transformado em uma caixa ou relicário que traz no seu interior pequenos objetos encontrados nos trajetos do cotidiano, ou elementos que sejam significativos para a memória afetiva do indivíduo.  
  

Tema:Lidos no espaço, guardados no tempo

Ano:

Eixo temático: Localidade

Nº de aulas: 12

Modalidade: Objeto

Conceitos:Tridimensional, bidimensional, figurativo

Recursos Materiais: Livro, pequenos objetos, tais como: papéis de bombons, bússola, pedrinhas, folhas e flores secas, “algo” (recolhido no caminho/trajeto), lápis, caroços ou sementes, cartão postal, mapa mental, imagens variadas, barbante, botões, cola, papéis, tesoura, imagens de obras de arte do artista, tinta acrílica ou guache, slide para projeção, máquina fotográfica.

Expectativas de Aprendizagem

- Identificar aspectos significativos da história pessoal a partir da cultura local em que estão inseridos;
- Pesquisar sobre a produção de artistas contemporâneos que trazem na sua obra a produção de arte-objeto;
- Sensibilizar o olhar e a escuta reflexivos, quanto ao uso dos objetos no cotidiano e a história envolvida na sua concepção;
- Exercitar a autoria de pensamento a partir da experiência criativa do seu “objeto” de Arte;
- Estabelecer uma nova percepção do conceber e do fazer artístico.


Dicas introdutórias

Professor (a):

À sua disposição, textos e imagens que poderão ser interessantes para a elaboração das suas aulas. Sinalizo para a importância do registro de cada aula, visto que assim será possível melhor percepção de todo o processo do trabalho e da aprendizagem. Através de fotos e filmagens, bem como a elaboração de um portfólio, que é um instrumento significativo na sequência de ensino-aprendizagem, será possibilitada uma visão dinamizada e a avaliação do trabalho como um todo.

 Avaliação

A avaliação é um ir e vir que ocorre num movimento de quem caminha e observa, ler e reler os significados e significantes que interagem no processo. Sendo contínua e dinâmica considera todos os pontos de passagem, paradas, retornos pertinentes, em que alunos, professor e assunto abordado, estarão vinculados.

Nessa comunicação e construção do aprendizado surgem mapas de interesses e necessidades da turma, como um organismo sistêmico, onde cada elemento é importante no cenário e comunica o seu desejo de saber ou não-saber diante daquilo que mostra ou encobre.

Por meio de um olhar e uma escuta apurada o professor estará seguro para se posicionar frente às situações de aprendizagem anteriormente propostas. Para isto, é imprescindível que tipos de registros, como portfólios, diários de bordo, fichas com critérios avaliativos para cada aula, quadros reguladores da aprendizagem, sejam utilizados como uma “bússola” do fazer pedagógico.





  
Aula 1


Inicialmente, será realizado um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos, através de “tempestade de idéias” onde as palavras Arte e Objeto estarão em destaque.

Tempestade de idéias (brainstorming), é uma técnica usada em dinâmicas de grupo, sua principal característica é explorar as habilidades, potencialidades e criatividade de uma pessoa, direcionado ao serviço de acordo com o interesse. No ensino escolar essa técnica pode ser usada como estratégia quando se vai abordar um tema. Todas as frases e palavras devem ser consideradas, o ideal é que todos participem e exponham sua opinião. Logo após o professor analisa cada opinião sem constranger nenhum aluno nos comentários, mesmo que não tenha nenhuma ligação o que foi expresso. Esse tipo de dinâmica é importante, pois o aluno expõe seus conhecimentos adquiridos ao longo de sua vida. Além de fazer com que se posicione diante de um determinado assunto, respeite as idéias do colega e também exercite a prática da participação no cotidiano das aulas. 
Por Eduardo de Freitas - Equipe Brasil Escola

Em seguida, serão apresentadas as etapas do projeto, que traz o tema norteador, os objetivos, justificativa, número de aulas, o processo de pesquisa, execução, exposição, avaliação, ou seja:

  • O que?
  • Para quê?
  • Por quê?
  • Quando?
  • Como?

Aula 2


Apresentação de imagens e histórico do artista Marcel Duchamp. Será feita a socialização, bem como a contextualização, através da entrega de apostila e da exposição de slides. No momento seguinte serão apresentados os seguintes questionamentos:







       ·   O que é arte? 
       ·   Como consigo perceber a arte no cotidiano?
 ·   Que elementos, condutas, expressões, usos e objetos estão à       disposição e são vistos como resultado do fazer artístico?










Aula 3


Entregar alguns envelopes com imagens diversas, tais como: Obras de arte (esculturas, instalações, desenhos, pinturas), eletroeletrônicos, objetos do vestuário, instrumentos musicais, ferramentas, etc.

Os alunos serão postos em dupla para debaterem e produzirem um texto que respondam as seguintes questões:

  • O que vejo é arte?
  • Por quê
  
Ao final da aula recolher as respostas dos alunos.


Atividade para casa:


Entregar para cada aluno, uma folha contendo imagem impressa (Urinol, obra de Marcel Duchamp) com perguntas, a fim de que eles possam promover uma enquete com os seus familiares. 

Fonte.
(Fountaine).1917/1964. Urinol de porcelana.
23.5 x 18 cm, hight 60cm

Questões:

  • O que vejo é arte.
  • Para você é arte?
  • Por quê?

Aula 4


Oportunizar o debate partindo da contextualização e ressignificação dos dados colhidos durante a atividade de casa.
Em seguida serão apresentados alguns slides, que trazem uma mostra de arte-objetos, realizados por um grupo de alunos da UNIP – Jundiaí (SP).(anexo)
 
O (a) professor (a) associa, esclarece, pontua com as intervenções cabíveis a partir das opiniões expostas e/ou questionamentos apresentados pelos alunos.


Questões para debate dentro do grupo:

_Qual desses trabalhos você considera      mais estranho? Por quê?

_Qual desses trabalhos você considera mais interessante? Por quê?



Aula 5


Realizar um passeio em torno da escola a fim de observar os objetos em uso. Osalunos irão refletir sobre a configuração dos objetos no espaço e a sua utilização. Em seguida será oportunizado um debate na sala.


Questões:

  • Os objetos observados estão adequados ao que se propõem?
  • Poderiam ser dadas outras atribuições a esses objetos?


Atividade para casa:


Solicitar que os alunos construam um mapa mental do percurso entre a sua casa e a escola. Levar em consideração as seguintes questões:

·       O que vejo durante o percurso (tipos de construções, praças, jardins, parques, etc.)
·       Que caminho eu estou habituado (a) tomar?
· Esse é o trajeto mais curto? Mais agradável? Mais movimentado?


 Esta é uma atividade também proposta (ao) professor (a) e que será apresentada aos alunos na aula seguinte.

Aula 6


Iniciar a aula perguntando aos alunos sobre a vivência do dia anterior e levantar os questionamentos lançados aos alunos.  
               
           Recolher os mapas mentais feitos por cada aluno.

      O professor (a) apresenta o seu mapa mental aos alunos fazendo colocações pertinentes à sua vivência.


Aula 7


Inicialmente, será feita uma sensibilização, como se segue:
Colocar uma música instrumental (CD Clássicos para Crianças - Friedrich Haendel – “A Carruagem do Rei”) e     apresentar uma caixa fechada com furos em uma das suas laterais, contendo objetos de formas e texturas diversas.
Os alunos, um por um, permanecem em silêncio, de olhos fechados, tocam os materiais contidos na caixa e procuram sentir, captar a forma, temperatura, textura de cada objeto.

Posteriormente, serão feitos os seguintes questionamentos:


  • O que você sentiu diante da proposta?
  • Qual a sensação ao tocar os objetos sem vê-los? Foi imediata a percepção da forma através do tato?
 

Em seguida, possibilitar o exercício da imaginação e reflexão sobre a forma, textura, cor e função dos objetos escolares, tais como: transferidor, esquadro, régua, globo, borracha, lápis grafite, pincel, etc.
Organizar os alunos em subgrupos para ser discutido outras utilidades desses materiais que não as comumente conhecidas.


Indagar aos alunos:

  • Que transformação interessante poderá ser feita a partir desses materiais?



Atividade em sala:

Os alunos produzem um texto enumerando as modificações possíveis de acordo com a sua imaginação.


Atividade para casa:
  
Escolher um objeto, (material escolar) para nova produção. Esboçar um desenho e apresentá-lo à turma na próxima aula.








Aula 8


Apresentar o objeto em estudo, ou seja, o “livro-objeto”,  contextualizando-o com o eixo temático, os aspectos da modalidade, as pesquisas, bem como as discussões levantadas nas aulas anteriores.




Solicitar que os alunos produzam um texto, respondendo às seguintes questões:

  • Que objeto eu vejo?
  • O que ele me transmite?
  • Você se identifica com o que vê?
  • Por quê?
  • Que idéias e emoções são percebidas?
  • Que outro uso lhe pode ser atribuído?




Obs.: Professor (a) esta atividade poderá ser concluída em casa


Aula 9


Recolher os textos produzidos pelos alunos.

Solicitar a formação das duplas.

Encaminhamento do (a) professor (a):

Levar em consideração o tema “Lidos no espaço, guardados no tempo”, os estudos realizados e as atividades propostas. Pare e pense em um objeto o qual você gostaria que fosse visto de outra forma, com outra proposta, numa nova configuração.

Fazer uma lista de objetos que chamam a sua atenção e que podem ser articulados dentro do tema “Lidos no espaço, guardados pelo tempo”.
Os alunos discutem, em dupla, sobre estes pontos e iniciam a idealização do objeto através de um desenho.

Solicitar dos alunos que na próxima aula tragam os materiais pertinentes ao objeto que escolheram produzir.

  
Aula 10


Serão recolhidos os desenhos feitos na aula anterior.
Sob as orientações do (a) professor (a) os alunos darão início à produção dos seus objetos.



Aula 11


Continuação da aula anterior.
  
Atividade para casa:

Elaboração de uma “ficha técnica” contendo: Título da obra, nome do aluno, ano, material utilizado.








Aula 12

A culminância do projeto será feita com a exposição dos trabalhos de arte-objeto produzidos pelos alunos. Os trabalhos estarão dispostos preferencialmente em semi-círculo, tendo as mesas (carteiras) como bases de apoio e os trabalhos devidamente identificados com as fichas elaboradas pelos alunos. É dado início à avaliação final do projeto desenvolvido.







A avaliação, sendo sistêmica e processual, deve favorecer ao crescimento artístico do aluno, ao desenvolvimento crítico, analítico e social, considerando aspectos como: nível de comprometimento na realização e entrega das atividades solicitadas, contribuição no grupo, coerência entre o objeto apresentado e as argumentações expostas, envolvimento na exposição dos trabalhos e organização da Mostra.


Referências Bibliográficas

COLI, Jorge. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 1995.

COSTA, Cristina. Questões de Arte: o belo, a percepção estética e o fazer artístico. São Paulo: Moderna, 2004.

FERAZ, Mª Heloísa C. de T.; FUSARI, Mª F. Rezende e. Arte na Educação Escolar. São Paulo: Cortez, 2010.

FREIRE, Madalena e outros. Observação, registro e reflexão, instrumentos metodológicos I. São Paulo:Espaço Pedagógico, 1997.

HALL, Stuart. In:A Identidade Cultural na pós-modernidade. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva e Guaracira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Teoria e Prática do Ensino de Arte. São Paulo: FTD, 2009.

MEIRA, Beá. Projeto Radix. Ensino Fundamental – 7º ano. São Paulo: Scipione, 2006.

ROSSI, Mª Helena Wagner. Imagens que Falam – leitura de arte na escola. Porto Alegre: Mediação, 2009.

SANTANA, Renata. Saber Ensinar – Arte Contemporânea. São Paulo: Editora Panda Books, 2010.

  
Referências Digitais



ANEXOS

Texto 1
O QUE É ARTE?

Marcel Duchamp e a sua “Fonte”


O que é Arte?

A arte é uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura. É um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos conhecimentos. Apresenta-se sob variadas formas como: a plástica, a música, a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura etc. Pode ser vista ou percebida pelo homem de três maneiras: visualizadas, ouvidas ou mistas (audiovisuais). Atualmente alguns tipos de arte permitem que o apreciador participe da obra. O artista precisa da arte e da técnica para se comunicar.

Quem faz arte?

O homem criou objetos para satisfazer as suas necessidades práticas, como as ferramentas para cavar a terra e os utensílios de cozinha. Outros objetos são criados por serem interessantes ou possuírem um caráter instrutivo. O homem cria a arte como meio de vida, para que o mundo saiba o que pensa, para divulgar as suas crenças (ou as de outros), para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para explorar novas formas de olhar e interpretar objetos e cenas.

Por que o mundo necessita de arte?

Porque fazemos arte e para que a usamos é aquilo que chamamos de função da arte que pode ser feita para decorar o mundo, para espelhar o nosso mundo (naturalista), para ajudar no dia-a-dia (utilitária), para explicar e descrever a história, para ser usada na cura doenças e para ajuda a explorar o mundo.

Como entendemos a arte?

O que vemos quando admiramos uma arte depende da nossa experiência e conhecimentos, da nossa disposição no momento, imaginação e daquilo que o artista pretendeu mostrar.

O que é estilo? Por que rotulamos os estilos de arte?

Estilo é como o trabalho se mostra, depois do artista ter tomado suas decisões. Cada artista possui um estilo único. Imagine se todas as peças de arte feitas até hoje fossem expostas numa sala gigantesca. Nunca conseguiríamos ver quem fez o quê, quando e como. Os artistas e as pessoas que registram as mudanças na forma de se fazer arte, no caso os críticos e historiadores, costumam classificá-las por categorias e rotulá-las. É um procedimento comum na arte ocidental.

Ex.: Surrealismo

DEGRAU, All Bano Dias

Como conseguimos ver as transformações do mundo através da arte?

Podemos verificar que tipo de arte foi feita, quando, onde o como, desta maneira estaremos dialogando com a obra de arte, e assim podemos entender as mudanças que o mundo teve.
Como as idéias se espalham pelo mundo?

Exploradores, comerciantes, vendedores e artistas costumam apresentar às pessoas idéias de outras culturas. Os progressos na tecnologia também difundiram técnicas e teorias. Elas se espalham através da arqueologia , quando se descobrem objetos de outras civilizações; pela fotografia, a arte passou a ser reproduzida e, nos anos 1890, muitas das revistas internacionais de arte já tinham fotos; pelo rádio e televisão, o rádio foi inventado em 1895 e a televisão em 1926, permitindo que as idéias fossem transmitidas por todo o mundo rapidamente, os estilos de arte podem ser observados, as teorias debatidas e as técnicas compartilhadas: pela imprensa, que foi inventada por Johann Guttenberg por volta de 1450, assim os livros e e arte podiam ser impressos e distribuídos em grande quantidade; pela Internet, alguns artistas colocam suas obras em exposição e podemos pesquisá-las, bem como saber sobre outros estilos.

Como mencionado anteriormente, estilo é como o trabalho se mostra, depois do artista ter tomado suas decisões. Cada artista possui um estilo único. Assim, Salvador Dalí tinha um estilo diferente de Picasso e de Tarsila do Amaral. Por esse motivo, a categorização de estilos e movimentos é importante.

Fontes: 
http://www.spiner.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=192
Texto 2

A Arte de Marcel Duchamp


A arte é uma forma do ser humano expressar suas emoções, sua história e sua cultura, através de alguns valores estéticos como beleza, harmonia e equilíbrio.
A produção artística faz parte de uma necessidade básica do ser humano. Assim, a arte pode ser encontrada em toda parte, como por exemplo, na música, escultura, filme, teatro, pintura, desenho, etc

"A arte pode ser ruim, boa ou indiferente, mas seja qual for o adjetivo empregado, temos de chamá-lo de arte. A arte ruim é arte, do mesmo modo que uma emoção ruim, é uma emoção." (Marcel Duchamp)



Marcel Duchamp(1887-1968), pintor e escultor francês.
Sua arte abriu caminho para movimentos como a pop art e a op art das décadas de 1950 e 1960.
Reinterpretou o cubismo a sua maneira, interessando-se pelo movimento das formas.
O experimentalismo e a provocação o conduziram a idéias radicais em arte, antes do surgimento do grupo Dada (Zurique, 1916). Criou os ready-mades, objetos escolhidos ao acaso, e que, após leve intervenção e receberem um título, adquiriam a condição de objeto de arte.
Em 1917 foi rejeitado ao enviar a uma Mostra, um urinol de louça que chamou de "Fonte". Depois fez interferências (pintou bigodes na Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional) e inventou mecanismos ópticos.

                                                                  
 MARCEL DUCHAMP

Porta - garrafas, 1964
66 cm de altura

 Texto 3 
Afinal, o que é arte?


“Nossa dupla natureza, posta entre a animalidade e a racionalidade, encontra expressão naquele mundo geminado do simbolismo, com sua voluntária suspensão da incredulidade.” (E. H. Gombrich)


De quantas ações com intenção estética é feita a vida? Nos espaços que ocupamos, o arranjo dos móveis não revela uma preocupação com a constituição do espaço, com a circulação das pessoas, com a criação de um ambiente que reflita nossas tendências e constitua nossa identidade? Não buscamos a melhor forma para isso tudo?

As roupas que escolhemos para nos cobrir, nosso penteado e nossa gestualidade não expressam nosso estado de espírito e a imagem que queremos vestir publicamente? E a maquiagem, o andar e o olhar, não servem de máscaras que, escondendo e disfarçando, revelam uma maneira de nos colocarmos no mundo?

De quantas decisões de caráter estético são feitas as mais simples escolhas? A cor que nos identifica, o balanço do corpo com que nos locomovemos, a música que embala nossos sonhos, a entonação que damos à voz quando queremos nos aproximar de alguém, a maneira como desfilamos por entre as pessoas, tudo isso constitui um mundo de significados e símbolos estéticos que possibilitam a expressão de mil mensagens que trazemos dentro de nós.

Assim, somos uma fonte inesgotável de sentidos estéticos, tão inerentes à nossa identidade como o nome de nascimento. De forma tão instintiva como respiramos, vamos organizando, desde o nascimento, uma maneira própria de perceber e apreciar o mundo, através da descoberta contínua e permanente de suas propriedades estéticas. E de tudo o que o mundo pode nos oferecer de interessante, a beleza é seguramente a qualidade que mais emociona e encanta, que registramos mais facilmente na memória e a que adere naturalmente à nossa emotividade.


A Arte Como Patrimônio Coletivo

 Se, nessa organização de uma identidade própria e nas relações que ela estabelece com o espaço, o tempo e o mundo, a arte desempenha um papel essencial, o que dizer da importância do patrimônio artístico na constituição de uma identidade coletiva? A arte proporciona a expressão de sentidos compartilháveis, de um legado coletivo cheio de reminiscências, sigilos e revelações. Através dele, nosso mundo interior tão pessoal e intransferível encontra o enlevo de se saber comum e partilhável. Com que prazer percebemos, na poesia ou na música, que os nossos mais singulares pensamentos e sentimentos encontram eco na criação alheia, mantendo com ela um universo de comunicação e troca!

A arte penetra em nós através da porta da sensibilidade, mantendo aberto esse canal com nossa natureza mais instintiva e profunda. A cada emoção ou prazer que resulta do contato com o belo, nossos sentidos se renovam e se apuram num processo infindável de recriação. A cada momento de arte nos tornamos mais aptos à captação da beleza do mundo e de seus significados.

A arte se opõe ao mergulho no individualismo egoísta. Trabalha o incrível paradoxo de, tendo suas raízes na subjetividade e na interioridade, só se realizar em comunicação com o outro e com o mundo. Exige eco e comunicação, exige diálogo e controvérsia. Assim, mantém livres nossos canais de comunicação com o outro, ao mesmo tempo, que aprimora a consciência que temos de nós mesmos. É fonte inesgotável de interpretação e sentido. Por mais que nos detenhamos em sua observação, decifração e entendimento, mais nos confrontaremos com novas aparências e significações. E, mesmo mantendo laços estreitos com seu tempo e seu espaço, a arte atravessa a história e se apresenta virgem a novas interpretações.

Ela registra tudo o que os artistas de todos os tempos quiserem comunicar e deixar inscrito em papel, pedra, pele de animais, argila, vinil ou celulose, aos seus contemporâneos e à posteridade, milhares de mensagens que constituem uma memória. E, dado o caráter universal desse fazer, esses registros são o substrato da história da humanidade.

Por tudo isso, podemos dizer que nos tornamos mais humanos à medida que nos fazemos mais artistas, e que as conquistas do homem contemporâneo passam necessariamente pela consciência desse incalculável legado. Um legado que, como nenhum outro, só nos engrandece e orgulha por suas conquistas, intenções e realizações. Talvez seja esse o único patrimônio que o homem jamais renega ou rejeita e que nos identifica, aproxima e universaliza.

 Fonte:

COSTA, Cristina. Questões de Arte: o belo, a percepção estética e o fazer artístico. São Paulo: Moderna, 2004, p. 134-137.      

Viewing all articles
Browse latest Browse all 28