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A Liquidez de Um no Olhar do Outro

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Tecnologia sem limites (2015) Pintura: AllBano Dias

Texto: Seilla Carvalho

Na contemporaneidade com o advento das novas tecnologias o conhecimento adquire um fluxo sofisticado diante dos ambientes midiáticos, das vias de acesso, das formas de circulação e dos sentidos adquiridos. Nesse aspecto, tempo e espaço são concebidos como unidades tão plásticas quanto às possibilidades de interatividade dos indivíduos. Diante da chamada década do cérebro as necessidades mudam e o organismo social repensa, recria e reproduz outros tecidos naquilo que pulsa das tendências, dos diversos desenhos de interação individual e coletiva.

Considerando as forças que elevam a potência humana para busca de transformação da realidade, o paradoxo cresce, pois os modelos de interação humana são reconfigurados na medida das mudanças, gerando outras representações sociais que levam a (re) pensar o caminho e as escolhas de cada indivíduo, comunidade e núcleo social; o avanço, a socialização e a (re) elaboração do conhecimento, que passa a ser um território almejado, por vezes tomado como ‘moeda de troca’; um patrimônio (cultural) a ser garantido como passaporte para a permanência da espécie Sapiens no planeta.

Contudo, os contrapontos podem ser visualizados quando pensamos nas dicotomias do comportamento social, nas dificuldades de relacionamento, na (quase) impossibilidade de escuta, na falta de tempo interno para o outro, na comumente ausência de receptividade e reciprocidade, no flagrante eco quanto à convivência ética. Os interesses individuais crescem alimentando as intolerâncias, a arrogância do suposto saber, a brutalidade do toque, a impulsividade, a doença psicoemocional na eloquência dos sentimentos enviesados... tornando sólida a liquidificação dos relacionamentos pessoais e sociais.

Na realidade do espetáculo e do sensacionalismo o indivíduo se depara imerso em um contexto caótico pela exposição e peso de uma mídia interessada, sobretudo, em novas formas de alcance dos sujeitos para circulação e consumo dos produtos. O bônus da felicidade passa a ser fabricado, oferecido, subornado de forma inconteste, amalgamado em múltiplos sentidos, visto que a exposição, quantidade e generalização da informação supostamente poderiam saturar receptores cerebrais comprometendo a lucidez e o poder de crítica dos sujeitos. Entidades que perpassam as camadas do inconsciente individual e coletivo, alimentando desejos furtivos, gerando insatisfações, plantando ilusões, sugerindo necessidades inócuas.
Caberá a cada um o aprendizado do mergulho interno, rumo ao autoconhecimento, repensar o seu lugar enquanto sujeito social pertencente a um tecido que a cada instante se molda na interdependência com outras tramas (talvez ainda desconhecidas). O lugar da espécie no Cosmo se define aqui e agora no espaço-tempo dos contratos de ‘convivialidade’ sadia que considera, preserva e respeita todas as formas de vida. A complexidade é crescente forçando ao surgimento de uma consciência ampliada nos processos emancipatórios.
Mesmo diante dos aparentes retrocessos, ‘contrafluxos’ nas trocas relacionais, o modelo tecnológico que emana do desenvolvimento dos saberes, está marcado para potencializar a evolução da espécie. O desafio é individual e coletivo impulsionado pela necessidade de agentes detentores de novas maneiras de inclusão, reinserção social, conduta cosmoética ao repensar a práxis individual e suas conseqüências na sociedade local e global.






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